Carta aberta ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e ao Sr. Presidente da Mesa da Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão:
A Associação Famalicão em Transição, associação que tem como Visão "tornar Vila Nova de Famalicão uma comunidade mais sustentável e resiliente, centrada nas pessoas e na natureza", vem tornar pública a sua posição sobre a possibilidade de o espaço das hortas urbanas ser subtraído ao Parque da Devesa.
É entendimento da Associação Famalicão em Transição que o Parque da Devesa é um conjunto coerente e indivisível em que a Natureza se funde com as atividades humanas: cultura, educação, desporto, lazer e bem-estar, contemplação e produção agrícola. Todas estas abordagens tornam este espaço único em Portugal. Retirar do Parque da Devesa as hortas urbanas é o mesmo que retirar um dos sentidos do corpo humano. Ele continua vivo e sensível, mas sem dúvida mais pobre.
As hortas urbanas desempenham um papel fundamental no contexto e no conceito do Parque da Devesa. Para além de se constituírem como uma garantia viva da continuidade das práticas agrícolas de religação à terra e ecologicamente responsáveis no cerne do pulmão verde do centro urbano, promovem ativamente a biodiversidade do local, contribuem significativamente para o fortalecimento das dinâmicas sociais e comunitárias do dia-a-dia do Parque, e consequentemente da cidade, para além de enriquecerem sobremaneira o potencial educativo e de sensibilização ambiental que o Parque da Devesa tem junto da comunidade Famalicense.
Ao longo da sua história, os/as Famalicenses souberam dar respostas engenhosas aos problemas e desafios com que se foram deparando. Perante a questão colocada por uma instituição que nos merece a maior consideração, o CITEVE, entendemos que são possíveis outras soluções de expansão das suas instalações sem comprometer a integridade do Parque da Devesa. Nesse contexto, a Associação Famalicão em Transição recomenda a promoção de uma discussão pública e alargada que permita ouvir os/as Famalicenses e encontrar uma alternativa compatível com o interesse das partes e sobretudo com o interesse do conjunto dos/das Famalicenses.
Manter as hortas urbanas no Parque da Devesa é um dever, no sentido de conservar a memória daquele espaço, é um compromisso com as próximas gerações, pois elas definem-se num quadro de sustentabilidade e é um sinal de respeito por todos/as aqueles/as que tornaram possível e funcional este Parque.
Nota: Esta carta não é subscrita pela Presidente da Direção da Associação Famalicão em Transição, que solicitou o direito de escusa.
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