Comunicado “Conversa TeT especial - Floresta e transição energética | 19/11/2022 | Monte do Facho / Santa Catarina (Vila Nova de Famalicão)”


No passado sábado, dia 19, a Associação Famalicão em Transição reuniu, no Monte do Facho/Santa Catarina, as/os suas/eus associadas/os, tendo-se juntado também a comunicação social e os partidos com representação concelhia, para visitar a área onde foram abatidos centenas de sobreiros, a favor da construção de uma central fotovoltaica.

Nesta ação contamos com a participação das/os representantes do Bloco de Esquerda, PAN, PCP, Os Verdes e PS, que tiveram a oportunidade de avaliar a dimensão da destruição in loco, que vitimou aquela área. As diferentes perspetivas enriqueceram o debate, pelo que a Associação Famalicão em Transição agradece o contributo para a discussão da salvaguarda do património ambiental e paisagístico do concelho.

No local, pudemos ver a qualidade do solo existente naquela área (graças aos sobreiros ali existentes), pouco comum em áreas com aquele declive, e o claro impacto e erosão que a destruição irá continuar a causa naquele território. Partilhamos também com as pessoas presentes as respostas fornecidas pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão às questões colocadas pela Associação Famalicão em Transição sobre o projeto, que ou não foram respondidas, ou a resposta não foi esclarecedora. Nomeadamente, continuamos sem saber se existe uma análise de impacte ambiental associada a este projeto, não tivemos acesso às plantas do projeto e ao detalhe das áreas de cortes e preservação da vegetação aprovadas pelo ICNF, nem sabemos quais são as medidas para mitigar a erosão, ou ainda quais são e onde se localizam os restantes projetos de produção elétrica fotovoltaica licenciados no concelho, pelo que continuaremos a pedir que estas informações nos sejam cedidas.

Relativamente ao futuro, a Associação Famalicão em Transição mantém a posição quanto à paragem das obras e obrigatoriedade de reflorestar a área de sobreiral destruída, reiterando ainda que a transição energética não pode ser feita à custa das nossas florestas e que plantar uma árvore não compensa o abate de outra.

Neste sentido, na segunda parte da ação deste passado sábado efetuou-se um reconhecimento das restantes manchas de sobreiros que ainda existem na zona envolvente ao local onde aconteceu o abate de árvores. Neste processo, foi proposto a criação de um parque florestal para o Monte do Facho / Santa Catarina, à semelhança do Parque de Monsanto, em Lisboa, praticamente sem custos de manutenção, pois a natureza faz a sua autogestão. Para o seu financiamento, que numa primeira fase passaria pela aquisição de terrenos, poderão ser usadas verbas do Fundo Ambiental deste projeto de produção de energia fotovoltaica e de outros que venham a ser licenciados, mecenato ambiental, nomeadamente por empresas com elevado impacto ambiental do concelho, por mecanismos financeiros de compensação carbónica e recursos próprios da autarquia.

Relembramos de seguida todas as questões colocadas à Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão:

1. Houve licenciamento do projeto em causa (em visitas ao local não encontramos esta informação visível)? Onde podemos consultar mais detalhes sobre o projeto de implantação da central fotovoltaica nos terrenos em causa?

2. Existe Estudo de Impacte Ambiental para o projeto em causa, considerando que a área de implantação é de cerca de 80 hectares?

3. Existe autorização do ICNF para o corte de sobreiros efetuado?

4. Existe licenciamento municipal para a movimentação de terras que aconteceu no local?

5. Tendo em conta que parte da implantação do projeto é feito em terreno abrangido por REN e RAN, existe a devida comunicação prévia à entidade competente e onde pode ser consultada ou facultada?

6. Existe algum estudo para a mitigação dos efeitos de erosão na encosta em causa?

7. Existe algum estudo sobre as necessárias medidas de compensação ambiental em função dos danos já causados pelo projeto?

8. É esta a visão do Município quanto à transição energética, isto é, a prioridade dada à instalação de centrais fotovoltaicas de grande dimensão, especialmente tendo em conta a inutilização de solo fértil e a eliminação de manchas florestais com grande mais-valia ambiental, em detrimento da opção pela descentralização da produção elétrica (principalmente o aproveitamento de infraestruturas já existentes, como sendo edifícios industriais, comerciais e residenciais)?

9. Qual o interesse municipal para a instalação desta central fotovoltaica no concelho, principalmente tendo em conta os graves prejuízos ecológicos que a mesma implica? Como se materializa o benefício para as/os famalicenses da instalação desta central fotovoltaica no concelho?

10. Relativamente aos pareceres dados, qual a posição das Freguesias abrangidas por este projeto?

11. Existiu alguma consulta pública à comunidade acerca do licenciamento deste projeto?

12. Existem outros projetos de centrais fotovoltaicas previstos para instalação no concelho? Se sim, quantos e em que locais?

Créditos de todas as fotos: Tiago Paiva

2ª Caminhada das Minas


No próximo sábado, 19 de novembro, pelas 14 horas, irá realizar-se uma caminhada no Trilho das Minas, promovida pela CSIF de Gondifelos, Cavalões, Outiz e Louro, e com a colaboração da Associação Famalicão em Transição.
O ponto de encontro será em Gondifelos, junto aos moinhos do rio Este, perto do Castro de Penices. Para mais informações e inscrições consultar os links do cartaz.
O Trilho das Minas é uma iniciativa da Associação Famalicão em Transição, na qual temos procurado desempenhar o nosso papel na criação e promoção deste trilho.

Conversa TeT especial - Floresta e transição energética

Na sequência dos eventos que tiveram lugar recentemente no Monte do Facho / Monte Santa Catarina, nomeadamente o corte de centenas de sobreiros para a instalação de uma central fotovoltaica no local, a Associação Famalicão em Transição vai organizar uma Conversa TeT (Território em Transição) especial, com conferência de imprensa, dedicada aos temas da floresta e transição energética, e na qual gostávamos de contar com a participação de uma alargada representação da comunidade, no sentido de diversificar e enriquecer as perspetivas e pontos de vista em debate.

Esta ação acontecerá no dia 19 de novembro (sábado), pelas 10h30, no Monte do Facho / Monte Santa Catarina, com visita ao local onde aconteceu o corte das centenas de sobreiros. O ponto de encontro será junto à Capela de Santa Catarina (Rua de Santa Catarina, Calendário, Famalicão; localização aqui: https://goo.gl/maps/Cdv8RPYsqmxZCfGo6).

Deixamos dois contactos de telemóvel, para o caso de necessitarem de alguma informação extra, nomeadamente no dia e hora da ação: José Carvalho - 967351833; Gil Pereira - 916081302.

Inscrições ainda abertas para os próximos Círculos de Mulheres - Transição Interior no Feminino

Depois da 1ª sessão do "Círculo de Mulheres - Transição Interior no Feminino" ter acontecido no dia 6 de novembro, continuam ainda abertas as inscrições para as próximas sessões, a acontecer nos dias 12, 20 e 26 deste mês.

Todas as informações e inscrições estão disponíveis neste formulário online: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdWRM2WOg3Evam9Ncuh_lZuEONIK63YikBB75Dl--MxxaQVlQ/viewform

Para mais informações contactar geral@edupa.pt.

Crime ambiental no Monte Santa Catarina!

A Famalicão em Transição, associação que tem como Visão tornar Vila Nova de Famalicão uma comunidade mais sustentável e resiliente, centrada nas pessoas e na natureza, considera que o concelho sofreu uma perda irreparável do seu património ambiental, paisagístico e cultural no Monte do Facho, também conhecido como Monte de Santa Catarina, na encosta voltada para a Freguesia de Outiz.No final de outubro deste ano foi arrasada uma extensa mancha de Sobreiros e alguns Carvalhos Alvarinho, numa área incluída em Reserva Ecológica Nacional e que abrange as “cabeceiras das linhas de água” e “áreas com risco de erosão”, conforme é descrito em documentação disponível na página online do Município de Vila Nova de Famalicão.
Recordamos que o Decreto-lei nº 169/2001 de 25 de Maio, na sua atual redação, obriga a que o corte ou poda de Sobreiros e Azinheiras sejam requeridos e autorizados, previamente, pelo ICNF. Para além disso trata-se de uma área com uma orografia muito sensível, devido ao grande declive e exposição às massas de ar marítimas carregadas de humidade. Qualquer intervenção nesta área deveria ser cuidadosamente gerida. Infelizmente, no local verifica-se que o solo foi totalmente revolvido, pontuando crateras em resultado do arranque das raízes de árvores adultas. Deste modo, o solo ficou totalmente desprotegido (às portas do Inverno).
Como tal, a associação vai colocar um conjunto de questões à autarquia de Famalicão para perceber o enquadramento dos factos e quais as medidas de compensação ambiental.
Independentemente da argumentação que o Município nos possa apresentar, tendo em conta os elementos acima expostos, exigimos que se suspenda de imediato os trabalhos no local e que logo que seja possível se inicie a recuperação ambiental e paisagística da área.