Comunicado de imprensa | Propostas para o Parque Florestal Protegido do Monte de Santa Catarina - resumo da reunião com o Município de Famalicão no dia 7 de agosto no Monte Santa Catarina


A Associação Famalicão em Transição convidou o Sr. Presidente da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, Mário Passos, o Sr. Vereador do Ambiente, Hélder Pereira, e o Sr. Presidente da Assembleia Municipal, João Nascimento, para uma reunião sobre o Parque Florestal Protegido para o Monte de Santa Catarina. Antes de mais, a Associação gostaria de agradecer a presença de todos os convidados e restantes pessoas presentes no dia 7 de agosto.

Conforme apresentou Gil Pereira, Presidente da Direção da Associação Famalicão em Transição, a intervenção na área do Penedo da Lua deve ser minimalista, promovendo a regeneração natural. Esta estratégia tem um baixo custo e uma maior taxa de sucesso na sobrevivência das espécies, resultando numa regeneração efetiva. É com agrado que se regista uma grande abertura por parte do Município para esta proposta.

A Associação defende que nesta fase deverão ser desenvolvidas ações de sensibilização e educação ambiental (por exemplo, através de sinalética “Floresta em regeneração”) e que o espaço deverá ser protegido de ações abrasivas do solo, limitando o acesso motorizado ao Penedo da Lua, de forma a permitir a recuperação natural da área e evitar a destruição do solo.

Portugal regista a percentagem mais baixa de floresta pública na Europa a 28 e a única abaixo das duas casas decimais - 3%. No concelho de Famalicão, essa percentagem está próxima do zero, apesar do trabalho embrionário promovido pelo Município. Portugal, e Famalicão por inerência, compara mal com todos os países, sem excluir os mais próximos. Por exemplo, a floresta pública representa em Espanha 29,2%, em França 24,7% e em Itália 33,6%.

Neste sentido, se pretendemos uma floresta que contribua para a biodiversidade e para combater as alterações climáticas, teremos de fazer uma alteração de fundo na sua gestão. Aquilo que propusemos ao Município foi igualar a percentagem de floresta pública mais baixa deste conjunto de países, ou seja, ter uma meta de 12% de floresta pública no concelho de Famalicão. Assim, ficaremos ao nível da Noruega, que ocupa o 2º lugar a contar do fim, com 12,3% de floresta pública.

Mais que um propósito ambiental, esta é uma condição indispensável para reduzir e limitar o aumento das temperaturas a 1,5ºC (relativamente ao período pré-industrial) e dar alguma garantia de qualidade de vida e bem estar material, já não para as próximas gerações, mas para a próxima década. A floresta é (e o solo que a suporta são) um sumidouro de carbono e é urgente começar “ontem” este trabalho. Os registos globais das temperaturas entre julho de 2023 e junho de 2024 marcaram +1,62ºC relativamente ao período pré-industrial, o que confirma a urgência de ações concretas.

Depois de discutido o futuro da área do Penedo da Lua, expandimos a conversa para o conjunto do Monte da Santa Catarina (e Monte S. João), onde identificámos mais de 20 ha de sobreirais e carvalhais que têm de ser preservados e que deverão ser o ponto de partida para o futuro Parque Florestal Protegido. Com isso vamos ao encontro dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, onde a floresta desempenha uma função estratégica para o cumprimento das metas de neutralidade carbónica, garantimos a preservação da biodiversidade e promovemos o restauro de ambientes naturais do concelho.

O concelho de Famalicão pode ser o pioneiro na implementação de políticas de proteção da floresta e servir de exemplo para outros territórios. Todos os recursos aplicados na criação de uma floresta autóctone, biodiversa e resistente aos fogos e às alterações climáticas são uma valiosa herança para as próximas gerações.


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