No dia 24 de fevereiro, visitámos o terreno onde é pretendido construir um conjunto de 16 pavilhões de caraterísticas industriais ou proto-industriais, numa área de 218.379m2, designado por Eco Parque de Cabeçudos, que passaremos a designar daqui para a frente como nova zona industrial de Cabeçudos.
Encontrámos um terreno completamente despido de vegetação e com sinais de movimentação de terras e abertura de valas de drenagem. O espaço é atravessado por um ribeiro e, por isso, sujeito às regras do domínio hídrico (faixas de “proteção” de 10 metros em cada margem), é abrangido pelo perímetro de proteção de património edificado (Casa de Quintão) e, segundo a documentação da Câmara Municipal de Famalicão, está inserido na Estrutura Ecológica Municipal Fundamental de Nível 1. Soma-se a isto o atravessamento por um gasoduto e o facto de fazer fronteira com as autoestradas A3 e A7.
O terreno encontrava-se parcialmente alagado, evidenciando tratar-se de uma área de especial importância para a infiltração de água no solo, alimentando os lençóis freáticos, e funcionando como um “pulmão”, pelo efeito de alagamento das margens em períodos de pluviosidade abundante, o que reduz o risco de cheia a jusante.
Foram analisados os perfis dos terrenos e parece-nos inevitável que, a ser construída a nova zona industrial de Cabeçudos, isto implicará uma enorme movimentação de terra, incluindo grandes aterros. Dessa forma, diagnosticamos o problema da impermeabilização do solo, que terá os seus efeitos potenciados com o estrangulamento do vale (vale mais apertado).
Muitos dos presentes nesta Conversa TeT desconheciam o projeto, sendo induzidos pelo nome (Eco Parque) a acreditar tratar-se de um parque (jardim ou espaço de fruição da natureza), o que demonstra uma grave lacuna na informação e no envolvimento da população nas decisões sobre o futuro da sua terra.
Para finalizar, agradecemos a participação das/dos moradoras/es da Rua das Águas e arruamentos vizinhos, que ajudaram na visita e partilharam memórias e as vivências daquele lugar. Estamos reconhecidas/os aos partidos políticos que se fizeram representar, em pleno período eleitoral, num esforço que esperamos que seja recompensado por uma maior proximidade às questões ambientais do concelho de Famalicão. E o nosso muito obrigada/o às/aos nossas/os associadas/os também presentes.
Conversa TeT "Que futuro para as nossas linhas de água? - O caso do Eco Parque de Cabeçudos"
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